sexta-feira, 23 de janeiro de 2004

No Aeroporto

Na sala de espera no aeroporto Congonhas, em São Paulo, duas senhoras, recém inauguradas na terceira idade, iniciaram uma alegre conversa que acabou desandando para os filhos, e uma inevitável comparação sobre quem tem teve maior sucesso na criação dos mesmos. As duas mães, e, meio a conversa, deram a conhecer que eram de duas igrejas evangélicas proeminentes, ambas pentecostais.
Ao descrever suas crias uma delas as definiu assim: O mais velho é muito sério, certinho, mas o segundo é mais esperto, os dois estudam direito, sendo que o primeiro quer ser juíz de direito, para ajudar as pessoas, ele diz. Mas o outro não, esse é vivo, disse que quer ser um advogado desses que tira criminoso da cadeia, que pega esses casos perdidos e livra ele da justiça, porque esses é que dá dinheiro! Outro dia esse menino fez que eu pagasse as prestações do computador dele. Danado, o computador custava uns 2 mil, e quando vi já tinha dado 3 mil e quinhentos em dinheiro para ele pagar. Muito esperto esse meu segundo filho.

E seguiu descrevendo o garoto, que em todos os sentidos me pareceu um perfeito mal - caráter. Ela descrevia as malandragens do filho como se fossem virtudes, e se vangloriava para a outra como se tivesse parido o próprio Papa.

Essa senhora, evangélica, deveria saber melhor das coisas. O que aprendeu freqüentando a igreja todos esses anos? A gritar ¿Aleluia¿ e ¿Amém¿ ? Onde fica a famosa ¿Ética Protestante¿ e os padrões de santidade do cristianismo?

As vezes a igreja evangélica me lembra essas duas senhoras, uma displicente, contando vantagem e se importando somente em resultados. A outra, a outra apenas escutando, solidária, com medo de falar alguma coisa e ser engolida pela eloquência da primeira.
Somos irmãs, não convém brigar.

A igreja definitivamente não produz mais santos como antigamente.

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