No Aeroporto
Na sala de espera no aeroporto Congonhas, em São Paulo, duas senhoras, recém inauguradas na terceira idade, iniciaram uma alegre conversa que acabou desandando para os filhos, e uma inevitável comparação sobre quem tem teve maior sucesso na criação dos mesmos. As duas mães, e, meio a conversa, deram a conhecer que eram de duas igrejas evangélicas proeminentes, ambas pentecostais.
Ao descrever suas crias uma delas as definiu assim: O mais velho é muito sério, certinho, mas o segundo é mais esperto, os dois estudam direito, sendo que o primeiro quer ser juíz de direito, para ajudar as pessoas, ele diz. Mas o outro não, esse é vivo, disse que quer ser um advogado desses que tira criminoso da cadeia, que pega esses casos perdidos e livra ele da justiça, porque esses é que dá dinheiro! Outro dia esse menino fez que eu pagasse as prestações do computador dele. Danado, o computador custava uns 2 mil, e quando vi já tinha dado 3 mil e quinhentos em dinheiro para ele pagar. Muito esperto esse meu segundo filho.
E seguiu descrevendo o garoto, que em todos os sentidos me pareceu um perfeito mal - caráter. Ela descrevia as malandragens do filho como se fossem virtudes, e se vangloriava para a outra como se tivesse parido o próprio Papa.
Essa senhora, evangélica, deveria saber melhor das coisas. O que aprendeu freqüentando a igreja todos esses anos? A gritar ¿Aleluia¿ e ¿Amém¿ ? Onde fica a famosa ¿Ética Protestante¿ e os padrões de santidade do cristianismo?
As vezes a igreja evangélica me lembra essas duas senhoras, uma displicente, contando vantagem e se importando somente em resultados. A outra, a outra apenas escutando, solidária, com medo de falar alguma coisa e ser engolida pela eloquência da primeira.
Somos irmãs, não convém brigar.
A igreja definitivamente não produz mais santos como antigamente.
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