Fanatismos
Não entendo porque posto tanto sobre política aqui, sinceramente não gosto do tema, a cerca de um ano e meio atrás era uma das pessoas mais apolíticas que existia, os primeiros posts desse blog quase nunca tocavam nesse assunto.
Cada vez que faço alguma crítica mais pesada, às pessoas de sempre que critico aqui, sempre me surgem dúvidas: será que fui justo? será que as informações que tenho são verdadeiras? será que vale a pena? será que estou de posse de todas as informações pertinentes?
Muitas vezes as respostas são positivas, algumas outras vezes fico em dúvidas. Mas o que sempre me resta é aquele gosto amargo na boca, de quem se expôs demais por alguma coisa que não vale a pena, de quem vai com certeza atrair para si desafetos porque pensa de forma radicalmente contrária a eles.
Será que como cristão eu deva produzir tantos desafetos assim? Não devo "no que depender de mim", "procurar a paz com todos os homens"?
Ou será que a melhor forma de agir aqui não seria "evitar tomar a forma do mal" como diriam os cristãos mais antigos.
Muitas vezes quis desistir desse assunto, mas é irresistível, primeiro porque é muito fácil fazer isso, os rumos que as coisas tomam, pelo menos para mim, é bastante evidente. É relativamente fácil apontar o dedo e dizer "Olhe, isto não está certo" apensar de sempre aparecer alguém para te repreender e avisar que é feio apontar.
Outra coisa, e esse não é um motivo tão nobre, é que não consigo engolir fanatismo, primeiro dentro do meu próprio sistema, no meu hábitat, sempre que vejo algum evangélico agir de maneira fanática ou triunfalista sou sempre o primeiro a jogar água fria. Quando escuto alguém proferir: "Somos tanto porcento de evangélicos no Brasil, se continuar assim em 2050 seremos mais de 40 %" eu sou o primeiro a replicar: "Isso se depois de tantos escândalos nós continuarmos crescendo desse jeito, e se somos tão numerosos assim mesmo hoje, porque o Brasil ainda é um pais tão injusto? Não deveríamos ser portadores da justiça? Será que Deus está mesmo tão interessado em números assim que não se importa mais que os seus filhos mudem de vida contanto que venham preencher algum banco vazio de igreja"?
Ninguém gosta de tomar um banho frio quando está todo eufórico com seu suposto desempenho. Se não fiz inimigos dentro da igreja evangélica, pelo menos afastei muita gente de mim, foram para longe, onde pudessem proferir os seus discursos sem ninguém para incomodar.
E assim foi por muitos anos.
Mas foi só eu dar uma espiada para fora da igreja, a cerca de um ano e meio atrás, quando visitava o blog de uma dessas viúvas da União Soviética, que notei (até com certo alívio) que fanatismo definitivamente não era exclusividade dos evangélicos, e que esse fanatismo assumia formas muito mais nocivas aqui fora do que lá dentro.
São stalinistas desvairados que ainda acreditam na utopia comunista; são integrantes de um partido que se acham superiores moralmente a todos os demais; são pessoas que se verem o Bush peidar se descabelam desesperadamente anunciando o fim do mundo, mas se verem Fidel mandar pessoas para o paredón apenas porque queriam ser livres, então fazem malabarismos desvairados para justificar tamanha injustiça. Pessoas que dizem acreditar na democracia, mas apóiam ao Hugo Chavez; Pessoas que quando os Estados Unidos foram a guerra encheram as avenidas com seus protestos, mas quando centenas, milhares de pessoas eram mortas no Haiti ou no Sudão, viraram as costas e não se dispuseram a escrever uma linha se posicionando contra esses regimes.
O fanatismo gera hipócritas assim, sem que eles mesmos percebam, vão se enrolando em discursos e mais discursos, sofismas montados para enganar as almas dos simples, e que acabam pervertendo todo o senso de justiça que se possa ter. A justiça não é mais uma coisa que os homens, todos, igualmente, precisam se enquadrar, ela passa a ser um objeto, algo com que golpear o inimigo, mas que não têm efeito nenhum sobre si.
São características que me enojam, me revoltam o estômago e que me levam a postar aqui no blog assuntos que pouco tempo atrás não me chamaria a atenção, como as eleições por exemplo.
Não me chama a atenção porque sei que a chave para o futuro no Brasil não está na mão do Lula ou de qualquer outro político. Os políticos brasileiros vão sempre fazer o que eles fizeram, não importa o quanto a sua base está fanatizada, o papel do político no Brasil tem um lugar bem específico, é ganhar mais e mais espaço (poder) e barganhar com o povo: "vcs mamam nas minhas tetas e em troca me dão poder cada vez maior sobre as suas vidas".
Não, a chave do futuro não passa por esse sistema, está na transformação pessoal de cada cidadão, essa vai ser a verdadeira força que vai um dia colocar o Brasil no futuro. É sobre isso que eu deveria escrever.
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