
Caleb mal nasceu e por dois meses de sua ainda curta vida, foi atacado por cólicas violentas, que causavam espasmos de dor. Passou-se esse período, e agora sofre com três dentões que lhe saem dentro da boca, cortando a gengiva, rasgando a carne. A dor é tal que em ambos os casos passava noites de vigília levando os pais consigo. O pobre ainda vai permanecer nesse estado por dois anos ao menos. Ainda por cima, parece-me, posso estar enganado, que o simples fato de crescer tão rapidamente lhe causa imenso desconforto. O aumento dos ossos, o esticar da pele, o puxar de nervos e músculos, tudo ocorrendo ao mesmo tempo, tudo acontecendo com pressa, tudo invasivo, sem pedir nem licença nem consentimento.
Por muitas vezes o olhar angustiado do filho procura o pai com uma expressão mista de dor e de indignação, como se me perguntasse: "Porque você deixa essas coisas acontecerem?" "Porque você não para com a dor?"
Dor... se tem uma coisa que a natureza faz questão de ensinar ao homem logo nos primeiros dias de vida, é a como sentir dor. Acostume-se meu filho, pois quem já teve um coração partido um dia, sabe que isso ainda não é nada.
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