quinta-feira, 23 de fevereiro de 2006


Separatista graças a Deus

Explorando pelos livros da biblioteca onde trabalho, encontro um exemplar fantástico da produção literária gaúcha. O livro se chama "Nós os gaúchos" e traz um apanhado de textos de diversos autores que, apesar de não merecerem comparação com nenhum Mário Quintana, expressam cada qual com o seu jeito, um sentimento que volta e meia vem a tona no peito de muitos gaúchos. Com um governo central tão castrador e parasita, com suas políticas tanto fiscais quanto públicas que não apenas nos impedem de crescer, mas nos penalizam quando crescemos economicamente desviando nossa riqueza para outros estados, com tanta roubalheira explícita, tanta canalhice, não seria hora de seguirmos o nosso próprio caminho e criarmos uma nação com a nossa cara, com a nossa identidade? Afinal o que temos nós com o resto do Brasil além da língua e de uns poucos costumes? Portugal tem o mesmo, e nos tornamos independente deles há séculos... Estamos geograficamente ligados ao Brasil, mas o resto dos paises da América Latina estão (apenas a Bolívia que não, segundo o nosso atual presidente). Bem, acima de tudo para mim está o fator cultural, tema do qual trata o texto abaixo escrito pelo sr. Flávio Del Mese, mais uma inspirada mente gaúcha.


Os gaúchos e o seu país


Confesso que não considero o Rio Grande do Sul parte do Brasil. Evidentemente, aceito a geografia e o fato de pertencermos ao Brasil. Mas etnicamente acho que não temos nada a ver com isso. Um dos nossos grandes erros ou quem sabe, o nosso erro aconteceu quando o Uruguai pediu as contas e nós nos rebelamos contra ele ao invés de acompanhá-lo. Obviamente, o Uruguai tem uma condição de país pior do que a do Brasil, mas nesse caso eu concordo em piorar de situação.

Acho que o mundo, hoje, está voltando ao tribalismo. E a nossa tribo é muito mais ligada ao rio da Prata do que ao restante do Brasil. Tenho a nítida impressão de que quando saio em direção ao Uruguai e Argentina, só muda o idioma. O resto é tudo igual. Já quando viajo acima de, São Paulo, continua o mesmo idioma, mas muda todo o restante. E outro país, sem a menor dúvida.

Não vejo outra forma de consertar o Brasil que não seja através de uma divisão em que os amazonenses ficassem com a Amazônia, os nordestinos com o Nordeste, o pessoal de Rio e São Paulo com os estados mais ricos e nós, enfim, iríamos procurar nossas raízes e nosso modo de vida. Seria trágico, teríamos dez anos de uma miséria enorme, perdendo, quem sabe, o mercado consumidor do centro do País. Mas seria o início de alguma coisa.

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