sexta-feira, 12 de maio de 2006

O que toca no teu iPod?

Tenho um mp3 player portátil. Não é nenhum iPod (que eu adoraria de possuir) mas um desses players paraguaios com 128 mb de capacidade e 200 e poucos reais de custo (na época em que comprei). Bem, por não poder colocar mais de mil sons no meu player xing-ling, mas apenas uns vinte, tenho que escolher bem o que coloco nele. Com o tempo notei que muito das músicas que gosto, que costumo escutar em casa, não estão lá, simplesmente não são do tipo para se escutar andando na rua ou nos ônibus, para isso gosto de músicas que me dêem algum "pique" e que me estimulem de uma forma ou outra. (não entendam mal, pique é "gauchês para "gás").

Não sei se algum blogger mais esperto já propôs isso, sei que o David Letterman tem um quadro em seu programa chamado "O que toca no iPod", mas pelos blogs da vida eu nunca vi. A idéia é postar uma lista do que se escuta em cada player e comentar o porque da escolha.

Quem não tiver player não se desanime, vá no mp3 player do seu computador e liste as 20 músicas mais tocadas e faça o mesmo. Pode ser uma idéia legal para se trocar informações e dividir gostos musicais. Vamos lá, no meu player toca:

01 Breakdown / Tantric
02 Breathe Your Name / Sixpence None the Richer
03 Empty Garden / Elton John
04 Especially For You / Kylie Minogue
05 Fallen / Sarah McLachlan
06 I'll Be Okay / Amanda Marshall
07 It's Gonna Rain! / Bonnie Pink
08 Kiss Me / Sixpence None The Richer
09 Lea / Toto
10 Life for rent / Dido
11 Loser / Beck
12 Pictures Of You / The Cure
13 Rainy days never stays / The Brilliant Green
14 Rave On / John Cougar Mellencamp
15 Shiki no Uta (Song of the Seasons) / Minmi
16 These Dreams / Heart
17 You're Beautiful / James Blunt

Gosto de Breakdown por causa do toque meio rock clássico que ele tem, a batida forte, um tom "cru" que a música traz me lembra os anos 80, quando ainda existia alguma certeza, ainda que vaga, no coração dos jovens. Breathe Your Name é a única música "gospel" que trago no meu player, tentei outras, mas tirei logo. Quando se escuta música de forma tão "próxima" quanto num player portátil, se nota de maneira ainda mais contrastante a diferença entre boa música e música ruim, mal executada. A maioria do que se toca em forma de gospel por ai quando não é mal executada, cai na vulgaridade, nos excessos de dramatização. Esses são alguns poréns, mas o maior pecado do mercado gospel é a falta de identidade. São pouquíssimas as bandas que são originais, que têm identidade própria e não se contentam em fazer simples imitações de outras bandas "seculares". C.S. Lewis já disse que os hinos que cantavam na igreja freqüentada por ele eram "melodia de 3º com poesia de 4º categoria", mas, dizia ainda, eram abençoados as pessoas simples que não deixavam um detalhe desses impedi-las de adorarem a Deus através daqueles hinos. Lewis foi um homem sábio.
Empty Garden é uma música antiga do tempo em que se pensava que o Elton John era apenas um excêntrico, quando as músicas românticas que ele compunha me fazia imaginar ter uma mulher linda nos braços. Agora, quando escuto uma de suas canções, a primeira imagem que me vem a cabeça e a dele agarrado com o George Michael, acabo ligando a sensação de repulsa causada pela imagem à música que estou escutando, e não a ouço mais.
Especially For You me faz lembrar os bailes de fim de ano nas escolas, quando tentava reunir toda coragem que tinha para convidar alguma guria a qual tentava me aproximar o ano inteiro. Sempre tinha alguém mais corajoso que tirava essa guria primeiro e eu geralmente dava com os burros n'agua, acabava triste em algum canto, fazendo uma força enorme para parecer Cool (eis ai senhores, o meu lado gótico).... Bons tempos aqueles.
Fallen veio da minha tentativa de me "modernizar". Depois dos trinta, se tu não costuma freqüentar festas ou escutar a rádio, fica difícil de adotar musicas novas, mas como acabo enjoando de escutar a mesma coisa, fico sempre procurando algo que valha a pena ouvir. Fallen eu "descobri" assistindo a um comercial no Warner Channel.
Descobri, ainda, a cantora de I'll Be Okay por engano, quando tentava baixar uma música "k-pop" para um amigo, gostei.
It's Gonna Rain! foi a musica de encerramento de uma temporada do anime "Rurouni Kenshin", ou, como entitulado no Brasil, "Samurai X", ela sempre me lembra do Japão, principalmente dos períodos de chuva. Ela me lembra, igualmente, do singular senso de humor dos japoneses, que chega até a ser legal, quando não é escrachado demais.
Kiss Me é outra música da mesma banda "gospel" que cantava Breathe Your Name. O videoclip dessa música tem alguma coisa de mágico, mágico de uma maneira que somente as crianças conseguem sentir ou entender. A completa falta de sensualidade do clip, apesar da vocalista ser uma "hot blonde girl", a ingenuidade posta de uma maneira não-preconceituosa, seres humanos agindo como se ainda fossem capazes de fazer alguma coisa sem malícia, sem segundas ou terceiras intenções. Tudo isso faz parte do "ingrediente mágico" que sinto ao escutar a música ou ver o videoclip (que tenho guardado no meu HD). Apesar de descrever alguns elementos da mágica, esses elementos não a explicam completamente, o efeito que ela exerce em mim continua um mistério. Toda a mágica perde a sua força ao ser explicada, no seu mistério se encontra o seu poder, e essa "mágica da infância" ainda tem forte efeito, ao menos em mim.
Lea do Toto é outra sobra dos bailes do colegial. Bons tempos, bons tempos.
Escuto Life for rent por causa da qualidade vocal da cantora, que realmente admiro, mas confesso que o tom da musica fede um pouquinho a essas musiquinhas de protesto, dessas que a cantora fica reclamando da vida à toa. Será a próxima a dar baixa do meu mp3 player.
Encontrei Loser por acidente dentro do mp3 player de outra pessoa, fiquei com ela por que me lembra Breakdown.
Pictures Of You é a musica que mais me faz pensar na sua letra, muito bem bolada, trabalho admirável do The Cure.
Rainy Days Never Stays, outra música para me lembrar do Japão, e o som é realmente agradável para se escutar quando se esta andando pela cidade.
Rave On é outra música do grupo "Breakdown", me lembra o rock, me lembra o espírito livre e independente que quero ter, me lembra do tempo em que todos adoravam os Estados Unidos e respeitavam e imitavam os americanos. Triste tempo esse que em lugar disso imitamos Fidel Castro e Che Guevara, tudo é muito chato, tudo é muito "boring", tudo é muito politicamente correto, tudo é pretensioso demais. Volte a ser livre America, volte a brilhar.
Shiki no Uta é outro som para "sentir saudades do Japão", escutei ela pela primeira vez assistindo "Samurai Champloo", me lembra as calmas tardes de verão no país do Sol nascente.
Certa feita, quando bem jovem, fui ao dentista e na sala de espera estava essa guria linda, quase da minha idade, a poucos metros de mim fisicamente e ao mesmo tempo muito distante, separada pela barreira da minha timidez, These Dreams era a música que escutava na radio quando ficava a pensar no que aconteceria se eu não fosse tão tímido.
You're Beautiful é outra música "moderna" que escuto, no clip, James Blunt faz o papel de um suicida que se mata ao perceber que nunca mais vai ver a mulher pelo qual se apaixonou no momento em que a viu ocasionalmente no metrô. Achava que esse tipo de romantismo estava perdido para as novas gerações. Pode parecer um exagero da parte de Blunt tirar a própria vida por causa de uma mulher, e realmente é exagerado agir assim, mas o amor é isso mesmo, carece de raciocínio, de lógica, das coisas mais elementares, mas ao mesmo tempo empresta sentido a tudo o que existe. Não nego que a mensagem de Blunt é extrema, mas o menino que uma vez esteve numa sala de dentista mágica, sabe que a vida parece perder todo o seu fôlego em momentos assim, quando a mágica se vai.

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