segunda-feira, 24 de maio de 2004

Juventude

Assumi como professor de escola dominical na minha igreja -- a Igreja Batista Central de Porto Alegre-- ainda que em caráter substituto (professor substituto é um quase-professor). As aulas acontecem domingo pela manhã, um ponto extremamente negativo quando consideramos que a minha turma é a adolescentes 2 (de 12 a 14 anos).
Pode ser uma tarefa ingrata, sabia muito bem disso quando aceitei o convite para ministrar essas aulas. Com calma, paciência e muita oração as coisas foram melhorando, na primeira aula, foram 4 pessoas, 5 na próxima e 7 nesta última. Minha primeira alegria foi, então, ver que os alunos estão se interessando (as "alegrias" são a recompensa do professor de escola dominical, já que não recebemos soldo).
A segunda alegria, que só esperava receber dentro muito tempo, seria o crescimento individual dos alunos.
Fui surpreendido na sala quando uma menina, de uns 13 anos, comentava a suas leituras. "Lá vem o pequeno príncipe", pensei. --Gostei muito de ler "A República""-- disse a menina, quase envergonhada, abrindo um constrangido sorrizo metálico -- Ein?! Interferi, não acreditando. -- Pois é, Platão é uns dos meus favoritos. Em seguida citou de cor uma passagem da República que falava sobre a necessidade da união das qualidades do líder e do filósofo para criar o governante ideal.
Enquanto ainda pensava no que dizer, o coleguinha dela rebate: Achei a Divina Comédia muito boa! Já li umas quatro vezes.
E então prosseguimos com o estudo de escatologia do livro de Apocalipse
Ah... e eu que já tinha perdido a esperança nessa juventude...

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