terça-feira, 12 de outubro de 2004

Eleições EUA

A Rede Globo está focando nas eleições americanas com uma abordagem estranhíssima. Todo o dia ela coloca a porcentagem de pessoas que intencionam votar em Kerry ou em Bush, e a cada resultado novo é motivo para um espalhafatoso comentário. Mas porque isso? Como já vimos, o voto nos Estados Unidos não é direto. Na verdade é um sistema de representantes de cada estado norte-americano. Muitos podem achar que esse sistema é injusto, afinal, não representa a vontade da maioria.
Não vou gastar tempo aqui especulando se esse sistema indireto é melhor ou não, cada país tem suas idiossincrasias, e tem que aprender a lidar com elas por si só. Não vamos cair na pretensão de pensar que um sistema que usamos aqui possa ser aplicado num país com história tão diversa da nossa quanto os Estados Unidos. Mas creio que como uma questão de princípios, esse sistema indireto é uma idéia interessante.
Esse sistema não privilegia o número total dos habitantes indiscriminadamente, mas focaliza nos estados, que cada estado tenha uma representatividade conforme o seu peso.
Imagine o Brasil, a região nordeste não é muito mais populosa do que a região sul, mas por ter mais estados, ela coloca mais deputados e senadores do que a região sul ou sudeste. O que ocorre no final das contas é que mais projetos encomendados para essas regiões são aprovados do que os que tem como destino o Rio Grande do Sul, por exemplo.
Nos Estados Unidos os estados são muito mais independentes, tendo inclusive muito mais autonomia para administrar recursos ou para fazer suas próprias leis. A lei do desarmamento, que o governo tão covardemente sancionou atingindo principalmente os homens de bem, dificilmente seria aprovada dentro do nosso estado se esse fosse o caso. Mas como o governo brasileiro é centralizador, Brasília e o resto do Brasil acabam obrigando os gaúchos a tomar uma medida que dificilmente se tomaria aqui, um estado que culturalmente o indivíduo tem mais direitos para se defender.

Ah, e querem saber quem realmente está ganhando nos Estados Unidos? Olhe o quadro abaixo. É bem diferente do que vemos na Globo News ou no Jornal Nacional.

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