terça-feira, 2 de maio de 2006

Mui Amigo

Essa diplomacia brasileira é mesmo ridícula: hostiliza com desdém os maiores parceiros comerciais do Brasil, como Estados Unidos e Europa, parceiros com as quais o Brasil não tem o que reclamar, afinal, compram muito mais do que vendem por aqui. Nas reuniões da OMC nosso ilustre ministro Celso Amorin faz cena de pobre coitado, de vítima das grandes potências, quando a realidade é bem diferente, somos muito mais protecionistas do que eles, quem tentou comprar um CD na Amazon sabe disso. Isso pode até ser visto como parte do jogo, uma estratégia para levar mais vantagem ainda nas negociações, afinal, a reza do miserável tenta constranger os "grandes" à comprarem produtos brasileiros ao mesmo tempo que não permite que eles ampliem as vendas dos seus produtos aqui. Compare o preço de um Mac mini aqui e lá fora para ver até onde vai o protecionismo brasileiro.
O único problema dessa estratégia para mim é que me sinto um miserável por ser brasileiro. Todo esse discurso de que "vocês que tem dinheiro tem a obrigação de nos ajudar" que dá o tom das negociações entre os brasileiros na OMC dá aquela impressão de que dependemos da boa vontade dos outros para sermos alguém, de que falhamos miseravelmente em nos desenvolvermos como país e agora necessitamos da piedade dos mais eficientes para podermos crescer. Não é a imagem que eu queria para mim como brasileiro.

Outra coisa que me preocupa é um velho ditado de um amigo de infância, o Spock. Esse meu amigo possuía como herança da natureza a "sabedoria do povo brasileiro" (em outras palavras, malandragem) sempre me dizia antes de deixar escapar uma risada de sarcasmo: "há! O malandro quando quer ser malandro demais, acaba se enrolando". Spock estava certíssimo, tenho visto esse padrão se repetir diversas vezes no curso de minha vida.

Tenho cá minhas desconfianças de que toda essa estratégia de política externa do Brasil, arquitetada por esses diplomatas bisonhos, foi um ato de malandro que quis ser malandro além de sua capacidade e acabou se enrolando nesse desastre que é a política externa atual do Brasil (não que ela tenha sido boa antes, em geral me pareceu medíocre como tudo mais por aqui).

Desdenhando seus parceiros tradicionais e em busca de "novos mercados" Mr. Lulla comprou um jatinho novo e saiu mundo a fora viajando mais do que FHC em 8 anos de governo, tentou se aproximar de seus "amigos" vermelhos, os comunistas de plantão, e o Brasil só levou prejuízo com isso. Do seu acordo com a China, o resultado foi uma quebradeira geral em vários setores da indústria brasileira, principalmente a calçadista e de tecidos. Ambos estão na miséria agora. O engraçado é que sempre tiveram medo de um tratado de livre comércio com os Estados Unidos alegando que isso acarretaria na destruição da indústria brasileira, pois ela é sobretaxada e ultrapassada. Pois bem, aconteceu, só que não foi por causa dos Estados Unidos e ninguém diz nada, todo mundo está fingindo que não aconteceu coisa alguma para salvar as aparências.

A diplomacia brazuca pretendeu ainda estreitar laços com o Mercosul, falando sempre mal da maneira que o governo passado tinha tratado o Mercosul, etc... Pois bem, outro "amigo" do Presidente Lulla, o Néstor Kirchner, aproveitou que tinha um amigo bobo do outro lado da mesa de negociação, e começou uma caça aos produtos brasileiros na Argentina frustrando qualquer empresa brasileira que tenha investido por lá. Como resultado, o Uruguai, que se via colocado de escanteio e se sentia menosprezado pelos seus parceiros, saiu hoje do Mercosul para poder fazer um acordo de livre comércio com quem? Com os Estados Unidos, o grande satã das beatas esquerdistas. Lulla e o seu corpo diplomático conseguiu fazer o que o FHC não fez nem com todo a falta de cuidado dele no Mercosul, Lulla acabou com o Mercosul, o Mercosul já era.
As atrapalhadas da nossa diplomacia verde-amarela não param por ai, querendo puxar o saco do seu novo amigunho, Hugo Chávez, o BNDS nega um empréstimo para São Paulo construir um metrô e empresta a preço camarada adivinha para quem? Isso mesmo, o dinheiro dos contribuintes brasileiros não paga metrô em São Paulo, mas "emigra" para Venezuela e financia a preços camaradas o Metrô de Caracas.
Tudo isso para quê? Para que hoje um outro "amigo" do peito do Lulla, o cocaleiro Evo Morales, invadisse com seu exército e confiscasse todos os bens da Petrobrás na Bolívia, um investimento de 1.5 BILHÕES de dólares que saiu mais uma vez do bolso dos contribuintes brasileiros. O Morales, como não podia deixar de ser, recebe total apóio de Hugo Chavéz, que ao invés de não se meter na briga dos "amigos", oferece até os técnicos da sua estatal de petróleo para assumir as bases brasileiras em caso de necessidade. Ora, quem não é bobo sabe somar dois mais dois. Morales coloca condições impossíveis de serem cumpridas para que as empresas permaneçam por lá, se não conseguirem ou não quiserem cumprir as condições as empresas estão convidadas a saírem da Bolívia. Quando as empresas saírem, deixando nas mãos de Morales todo o investimento que fizeram, quem será que vai ser convidado, com condições certamente melhores e mais realistas, para assumir as usinas que foram deixadas para trás? Certamente Chávez e sua PDVSA, que seriam os únicos com capacidade para gerenciar o espólio brasileiro.

Antes de terminar, mais um ponto precisa ser revisto: Chávez, que sempre apoiou a idéia de Morales, também tem várias empresas estrangeiras em seu território. Porque ele, que está a mais tempo no poder, não teve a mesma atitude? A resposta mais simples é a seguinte: Chávez não tem empresas brasileiras participando de maneira significativa em seu território, ele lida com gente mais séria, e sabe que se ele tomasse uma atitude dessas traria conseqüências desagradáveis até mesmo para a sua mente maluca.
Já Morales não tem esse problema, ele lida com o Brasil e conheçe sua diplomacia de bananas, sabe que pode tirar qualquer coisa de nós e que ainda é possível que Lulla e sua corja de diplomatas apareça sorridente na TV anunciando que o Morales é legal e que ele não fez nada de mal.

Lulla não é uma pessoa que sabe escolher bem os amigos, definitivamente não. Os que ele escolheu para assumir o governo com ele, desencadearam a maior roubalheira que já se viu nesse país. Lulla não viu nada, foi traído por eles.
Seu amigos de fora, aproveitam da sua parviçe em questões internacionais e lhe "metem" até não poder mais, vão assumir o maior roubo que o Brasil já sofreu em sua história. 1.5 Bilhões de Dólares, fora as outras empresas menores.
Com seu corpo diplomático, acontece o mesmo. Serão responsáveis pelo maior fracasso estratégico já ocorrido por aqui.

Cada dia que passa, Lulla se mostra menos capaz de gerir esse país.

Nenhum comentário: